Veja o depoimento deixado pela escritora Kika Coutinho no Blog Crônica do Dia. Kika é autora do livro “Embuxada” publicado no agBook:
Era um domingo. Domingos são sempre assim. Ou muito úteis, ou – o mais comum – absolutamente inúteis. Pois aquele foi útil.
Depois de navegar na internet, ver twitter, facebook, google, emails, entrar em blogs e páginas que eu não me lembrava mais como tinha ido para ali, resolvi rever os meus prórprios arquivos e dar um lidinha no que já tinha escrito. “Vou dar um pouco de ibope pra mim mesma”, pensei, eu que vivo dando pinta nos blogs alheios e achando que todo mundo tem textos sempre muito bons.Comecei lendo um, outro, ajustando uma coisinha aqui, outra acolá e, de repente, vi que não iria terminar nunca. Quantos arquivos... pensei, contando quantos tinha. Noventa? Cem? Cento e quantos? Meu Deus, como eu tinha escrito! Quanto tempo gasto, quantos domingos, segundas, terças, quantos dias e tardes de verão, frio, calor, perdidos escrevendo. Claro que eu estava engordando, pensei. Alguém que tem mais de 100 textos não pode estar magro, coisa mais sedentária do mundo, essa de escrever.Quando foi que eu escrevi isso? Eu trabalho em outra coisa, ganho meu sustento de uma empresa, deixa eles saberem que eu tenho sempre uma tela de word, escondida atrás daquela de excel aparente. E pra quê? Pensei. Pra me entender, me exibir, extravasar ou falar, simplesmente? Mas, poxa, poderia fazer isso tudo num combinado terapia + shopping e academia. Estaria mais magra, pelo menos.De repente pensei que poderia juntar isso tudo em um livro. Era um pensamento audocioso que me beliscava. Um livro, eu? Quem vai querer ler? Quem vai se importar? Bom, isso eu não sabia, mas já tava tudo lá, afinal o que que custava tentar. Eu me respondia, uma parte minha era auto-ajuda; a outra, auto derrota. Shiniashiki vencia dentro de mim: “Vamos lá, acredite em você, você é capaz!”. E eu me mantive procurando como poderia fazer isso, mas a verdade é que só conseguia lembrar-me da minha infância, quando eu tentava vender livros usados no elevador do meu prédio.Oras, se ninguém comprava excelentes livros de uma menininha simpática de óculos, nos anos 80, como eu ia querer vender a ideia de publicarem o meu próprio, quase 30 anos depois, sem nenhum cursinho de marketing ou vendas na bagagem. Não, não ia.Foi aí que, em um outro domingo, achei o site da Agbook. Você não paga, não pede, não precisa nem falar nada. Só trabalhar. Tem de juntar tudo, paginar, ajustar, formatar, ter uma capa, uma foto, um resumo, enfim, labutar no seu próprio livro, mas, se eu tinha feito 100, nisso eu devia ser boa, afinal.E assim foi. Tomando forma tal qual minha filhota no útero. Um dia você via as mãozinhas, no outro o ultrassom mostrava os pés, e, assim, sem a dor do parto nem anestesia, de repente, lá estava ele, lindo e saudável. Foi na minha licença-maternidade que ele nasceu, e eu nem chorei.Divulguei entre amigos – e inimigos também –, e não é que o pessoal anda gostando? A parte de mim que é auto-ajuda se engrandece quando recebo elogios e – até – o pedido de outro. Pus pra vender e o danado vira e mexe aparece na lista dos mais vendidos da Agbook. Exibido, mais exibido que a mãe, esse filhote.
Para conhecer o recém-nascido - sem encontrar a criancinha no elevador, clique aqui.
Obrigada Kika! Essa é a maior motivação para continuar o nosso trabalho!
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